Num espaço transfronteiriço como a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica, tem especial relevância a existência das aldeias transfronteiriças, nas quais está focada esta rota. Uma aldeia atravessada pela fronteira entre Espanha e Portugal, um núcleo rural único que, a nível administrativo, são dois, chamados Rihonor de Castilla no lado espanhol e Rio de Onor de Portugal, sem que haja qualquer separação real entre os dois, exceto a tal linha de fronteira invisível. Entre o rio d'onorense, as partes espanhola e portuguesa são denominadas de 'povo de cima e povo de baixo' ou 'aldeia de cima e aldeia de baixo', respetivamente. Na verdade, os habitantes locais falam indistintamente as duas línguas e outra curiosidade é que existe um antigo dialeto autóctone, embora hoje quase extinto, o riodonorês, que é o resultado da mistura dos dois idiomas.
Duas aldeias e dois países que se transformam num só quando percorremos as ruas destas localidades, descobrindo um conjunto único de casas de pedra encantadoras de duas alturas, e ruas empedradas ao mais puro estilo trasmontano, onde o rio Onor flui alegremente e forma uma bela praia fluvial, um cantinho agradável no meio da aldeia, onde o visitante poderá descansar e refrescar-se no verão. Além disso, pode também visitar as duas igrejas paroquiais correspondentes, uma bela ponte romana e o forno e a forja comunitários.
A rota liga estas aldeias a outra pequena aldeia zamorana, Robledo que, tal como a anterior, vai deliciar qualquer amante da vida rural, pela sua arquitetura popular muito bem conservada e pela agradável sensação de recuar para épocas passadas.
Trata-se, sem dúvida de uma das áreas geográficas da RBTMI onde as aldeias conservam melhor a arquitetura típica tradicional, em pedra e xisto com alpendres ou varandas de madeira, uma forma de construção comum das regiões da Serra da Culebra e Sanábria, na parte espanhola e de Trás-os-Montes, em Portugal. Vale a pena visitar outras aldeias próximas da rota como Santa Cruz de los Cuérragos, cuja conservação tem sido objeto de reconhecimento, como bem de interesse cultural na categoria de conjunto etnológico.
O percurso atravessa espaços florestais tranquilos, dominados por pinheiros, mas com enclaves perto dos riachos onde abundam bétulas, freixos, carvalhos ou cerejeiras; áreas de monte muito afastadas onde, por isso, é possivel observar corços e veados, além de avifauna como gaios-comuns ou pica-paus, entre outras espécies. A Serra da Culebra é um dos enclaves da península ibérica com maior densidade de lobo, e a rota passa mesmo muito perto do Centro do Lobo Ibérico de Castilla y León, um centro de interpretação cuja visita é altamente recomendável e onde será possível observar lobos em semiliberdade.
Trata-se de uma rota transfronteiriça que liga Robledo a Rio de Onor (onde entra no Parque Natural de Montesinho, pelo que devem ser respeitadas as restrições previstas no plano de ordenamento deste espaço natural). Embora se proponha a realização da rota neste sentido, a mesma pode começar indistintamente partindo de um lado ou outro da fronteira. É proporcionado o track de ida e volta, com uma parte do percurso igual, mas um caminho alternativo a partir de um determinado ponto (daí que esteja referenciado como circuito circular-linear). Em algumas partes do circuito coincide com a sinalização de rotas BTT, mas não segue nenhuma delas.